CONSIDERANDO OS TEMPOS QUE ESTAMOS VIVENDO DECIDI REPUBLICAR ESSE TEXTO... o seu conteúdo tem validade intertemporal e independe de ser ano de eleições.
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Acredito que há diferenças entre fazer política e
fazer guerra.
Na guerra o outro é o inimigo a ser destruído,
aniquilado, extinto ou dominado. A morte de um dos lados é a regra. É bastante
comum que a guerra se origine em fundamentalismos valorativos (morais,
religiosos ou ideológicos) e não em fatos.
Na política o outro é o companheiro de caminhada
que pensa diferente de nós. Buscamos convencê-lo e ele busca nos convencer. A
convivência é a regra; sabemos que quem está hoje no poder amanhã estará na
oposição, e vice-versa. Por isso na política o que deve prevalecer é o diálogo
e o respeito; inclusive porque o adversário de hoje pode ser o aliado de
amanhã; dependendo do tema, o aliado se torna oposição e a oposição se torna
aliada.
A política se rege por acordos de interesses... e
os interesses são diferentes dependendo do tema - quem não entende isso não
entende o funcionamento da política. A política não pode se confundir com a
aceitação de um monismo moral; a democracia é necessária exatamente porque
convivemos em um pluralismo moral; se houvesse uma moral única, não haveria
diferenças... seria o consenso absoluto... um totalitarismo unívoco.
O que é possível, nesse contexto, é apenas a
escolha de determinadas regras de comportamento e convivência que devem ser
seguidas por todos, e que chamamos de Direito - uma construção que não é
absoluta e nem definitiva... muda de acordo com as forças políticas, os valores
sociais, a qualidade do diálogo e o poder de convencimento. Por isso, a cada
período de tempo, somos consultados e escolhemos representantes... não
escolhemos representantes para matar o outro, mas para dialogar com ele.
NÃO ESQUEÇA, na segunda-feira após as eleições,
independentemente de quem ganhe e de quem perca, você terá de encarar sua
família, seus amigos e seus colegas. E terá de continuar a vida dividindo com
eles este país, este planeta e esta existência... eles são seus companheiros de
caminhada... apenas, em determinadas matérias, pensam diferente de você. E que
bom que é assim... imagina que chato (e totalitário) seria um mundo em que
todos pensassem igual. Respeite a diferença; ela é essencial para a democracia...
e para a vida.
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